AS
PRÁTICAS DE SAÚDE AO LONGO DA HISTÓRIA E O DESENVOLVIMENTO DAS PRÁTICAS DE
ENFERMAGEM
Período
Pré-Cristão
No
período Pré-Cristão as doenças eram tidas como um castigo de Deus ou resultavam
do poder do demônio. Por isso os sacerdotes ou feiticeiras acumulavam funções
de médicos e enfermeiros. O tratamento consistia em aplacar as divindades,
afastando os maus espíritos por meio de sacrifícios. Usavam-se: massagens,
banho de água fria ou quente, purgativos, substâncias provocadoras de náuseas.
Mais tarde os sacerdotes adquiriram conhecimentos sobre plantas medicinais e
passaram a ensinar pessoas, delegando-lhes funções de enfermeiros e
farmacêuticos. Alguns papiros, inscrições, monumentos, livros de orientações
política e religiosas, ruínas de aquedutos e outras descobertas nos permitem
formar uma idéia do tratamento dos doentes.
EGITO
Os
egípcios deixaram alguns documentos sobre a medicina conhecida em sua época. As
receitas médicas deviam ser tomadas acompanhadas da recitação de fórmulas religiosas.
Praticava-se o hipnotismo, a interpretação de sonhos; acreditava-se na influência
de algumas pessoas sobre a saúde de outras. Havia ambulatórios gratuitos, onde
era recomendada a hospitalidade e o auxílio aos desamparados.
ÍNDIA
Documentos
do século VI a.C. nos dizem que os hindus conheciam: ligamentos,
músculos, nervos, plexos, vasos linfáticos, antídotos para alguns tipos de envenenamento e o processo digestivo. Realizavam alguns tipos de procedimentos, tais como: suturas, amputações, trepanações e corrigiam fraturas. Neste aspecto o budismo contribuiu para o desenvolvimento da enfermagem e da medicina. Os hindus tornaramse conhecidos pela construção de hospitais. Foram os únicos, na época, que citaram
músculos, nervos, plexos, vasos linfáticos, antídotos para alguns tipos de envenenamento e o processo digestivo. Realizavam alguns tipos de procedimentos, tais como: suturas, amputações, trepanações e corrigiam fraturas. Neste aspecto o budismo contribuiu para o desenvolvimento da enfermagem e da medicina. Os hindus tornaramse conhecidos pela construção de hospitais. Foram os únicos, na época, que citaram
enfermeiros
e exigiam deles qualidades morais e conhecimentos científicos. Nos hopitais eram
usados músicos e narradores de histórias para distrair os pacientes. O bramanismo
fez decair a medicina e a enfermagem, pelo exagerado respeito ao corpo humano -
proibia a dissecação de cadáveres e o derramamento de sangue. As doenças
eram consideradas castigo.
eram consideradas castigo.
PALESTINA
Moisés, o
grande legislador do povo hebreu, prescreveu preceitos de higiene e exame do
doente: diagnóstico, desinfecção , afastamento de objetos contaminados e leis
sobre o sepultamento de cadáveres para que não contaminassem a terra. Os
enfermos, quando viajantes, eram favorecidos com hospedagem gratuita.
ASSÍRIA E
BABILÔNIA
Entre os
assírios e babilônios existiam penalidades para médicos incompetentes, tais como:
amputação das mãos, indenização, etc. A medicina era baseada na magia - acreditava-se
que sete demônios eram os causadores das doenças. Os sacerdotes médicos vendiam
talismãs com orações usadas contra os ataques dos demônios. Nos documentos
assírios e babilônicos não há menção de hospitais, nem de enfermeiros.
Conheciam a lepra e sua cura dependia de milagres de Deus, como no episódio bíblico do banho no rio Jordão. "Vai, lava-te sete vezes no Rio Jordão e tua carne ficará
limpa".(II Reis: 5, 10-11).
Conheciam a lepra e sua cura dependia de milagres de Deus, como no episódio bíblico do banho no rio Jordão. "Vai, lava-te sete vezes no Rio Jordão e tua carne ficará
limpa".(II Reis: 5, 10-11).
CHINA
Os
doentes chineses eram cuidados por sacerdotes. As doenças eram classificadas da
seguinte maneira: benignas, médias e graves. Os sacerdotes eram divididos em
três categorias que correspondiam ao grau da doença da qual se ocupava. Os
templos eram rodeados de plantas medicinais. Os chineses conheciam algumas
doenças: varíola e sífilis. Procedimentos: operações de lábio. Tratamentos:
anemias, indicavam ferro e fígado; verminoses, tratavam com determinadas
raízes; sífilis, prescreviam mercúrio; doenças da pele, aplicavam o arsênico.
Anestesia: ópio. Construíram alguns hospitais de
isolamento e casas de repouso. A cirurgia não evoluiu devido a proibição da dissecaçãode cadáveres.
isolamento e casas de repouso. A cirurgia não evoluiu devido a proibição da dissecaçãode cadáveres.
JAPÃO
Os japoneses aprovaram e estimularam a eutanásia. A medicina era fetichista e a única terapêutica era o uso de águas termais.
GRÉCIA
As
primeiras teorias gregas se prendiam à mitologia. Apolo, o deus sol, era o deus
da saúde e da medicina. Usavam sedativos, fortificantes e hemostáticos, faziam
ataduras e retiravam corpos estranhos, também tinham casas para tratamento dos
doentes. A medicina era exercida pelos sacerdotes-médicos, que interpretavam os
sonhos das pessoas. Tratamento: banhos, massagens, sangrias, dietas, sol, ar
puro, água pura mineral. Dava-se valor à beleza física, cultural e a
hospitalidade, contribuindo para o progresso da Medicina e da Enfermagem. O
excesso de respeito pelo corpo atrasou os estudos anatômicos. O nascimento e a
morte eram considerados impuros, causando desprezo pela obstetrícia e abandono
de doentes graves. A medicina tornou-se científica, graças a Hipócrates, que
deixou de lado a crença de que as doenças eram
causadas por maus espíritos. Hipócrates é considerado o Pai da Medicina. Observava o doente, fazia diagnóstico, prognóstico e a terapêutica. Reconheceu doenças, tais como: tuberculose, malária, histeria, neurose, luxações e fraturas. Seu princípio fundamental na terapêutica consistia em "não contrariar a natureza, porém auxilia-la a reagir".
Tratamentos usados: massagens, banhos, ginásticas, dietas, sangrias, ventosas, vomitórios, purgativos e calmantes, ervas medicinais e medicamentos minerais.
causadas por maus espíritos. Hipócrates é considerado o Pai da Medicina. Observava o doente, fazia diagnóstico, prognóstico e a terapêutica. Reconheceu doenças, tais como: tuberculose, malária, histeria, neurose, luxações e fraturas. Seu princípio fundamental na terapêutica consistia em "não contrariar a natureza, porém auxilia-la a reagir".
Tratamentos usados: massagens, banhos, ginásticas, dietas, sangrias, ventosas, vomitórios, purgativos e calmantes, ervas medicinais e medicamentos minerais.
ROMA
A
medicina não teve prestígio em Roma. Durante muito tempo era exercida por
escravos ou estrangeiros. Os romanos eram um povo, essencialmente guerreiro. O indivíduo recebia cuidados do Estado como cidadão destinado a tornar-se bom guerreiro, audaz e vigoroso. Roma distinguiu-se pela limpeza das ruas, ventilação das casas, água pura e abundante e redes de esgoto. Os mortos eram sepultados fora da cidade, na via Ápia. O desenvolvimento da medicina dos romanos sofreu influência do povo grego.
escravos ou estrangeiros. Os romanos eram um povo, essencialmente guerreiro. O indivíduo recebia cuidados do Estado como cidadão destinado a tornar-se bom guerreiro, audaz e vigoroso. Roma distinguiu-se pela limpeza das ruas, ventilação das casas, água pura e abundante e redes de esgoto. Os mortos eram sepultados fora da cidade, na via Ápia. O desenvolvimento da medicina dos romanos sofreu influência do povo grego.
CRISTIANISMO
O
cristianismo foi a maior revolução social de todos os tempos. Influiu
positivamente através da reforma dos indivíduos e da família. Os cristãos
praticavam uma tal caridade, que movia os pagãos: "Vede como eles se
amam". Desde o início do cristianismo os pobres e enfermos foram objeto de
cuidados especiais por parte da Igreja. Pedro, o apóstolo, ordenou diáconos
para socorrerem os necessitados. As diaconisas prestavam igual assistência às
mulheres. Os cristãos até então perseguidos, receberam no ano 335 pelo Edito de
Milão, do imperador Constantino, a liberação para que a Igreja exercesse
suas obras assistenciais e atividades religiosas. Houve uma profunda modificação na assistência aos doentes - os enfermos eram recolhidos às diaconias, que eram casas particulares, ou aos hospitais organizados para assistência a todo tipo de necessitados.
suas obras assistenciais e atividades religiosas. Houve uma profunda modificação na assistência aos doentes - os enfermos eram recolhidos às diaconias, que eram casas particulares, ou aos hospitais organizados para assistência a todo tipo de necessitados.
Desenvolvimento
das práticas de saúde durante os períodos históricos
Subdivisão do períodos relacionados com a mudança das práticas de saúde:
Subdivisão do períodos relacionados com a mudança das práticas de saúde:
• As práticas de saúde instintivas - caracteriza a prática do cuidar nos grupos nômades primitivos, tendo como pano-de-fundo as concepções evolucionista e teológica. Neste período as práticas de saúde, propriamente ditas, num primeiro estágio da civilização, consistiam em ações que garantiam ao homem a manutenção da sua sobrevivência, estando na sua origem, associadas ao trabalho feminino. Com o evoluir dos tempos, constatando que os conhecimentos dos meios de cura resultavam em poder, o homem, aliando este conhecimento ao misticismo, fortaleceu tal poder e apoderou-se dele.
Observa-se que a Enfermagem está em sua natureza intimamente relacionada ao cuidar das sociedades primitivas.
• As
práticas de saúde mágico-sacerdotais - aborda a relação mística entre as
práticas religiosas e as práticas de saúde primitivas desenvolvidas pelos
sacerdotes nos templos.
Este período corresponde à fase de empirismo, verificada antes do surgimento da especulação filosófica que ocorre por volta do século V a.C. Essa prática permanece por muitos séculos desenvolvida nos templos que, a princípio, foram simultaneamente santuários e escolas, onde os conceitos primitivos de saúde eram ensinados.
Posteriormente, desenvolveram-se escolas específicas para o ensino da arte de curar no sul da Itália e na Sicília, propagando-se pelos grandes centros do comércio, nas ilhas e cidades da costa. Naquelas escolas pré-hipocráticas, eram variadas as concepções acerca do funcionamento do corpo humano, seus distúrbios e doenças, concepções essas que, por muito tempo, marcaram a fase empírica da evolução dos conhecimentos em saúde.
Este período corresponde à fase de empirismo, verificada antes do surgimento da especulação filosófica que ocorre por volta do século V a.C. Essa prática permanece por muitos séculos desenvolvida nos templos que, a princípio, foram simultaneamente santuários e escolas, onde os conceitos primitivos de saúde eram ensinados.
Posteriormente, desenvolveram-se escolas específicas para o ensino da arte de curar no sul da Itália e na Sicília, propagando-se pelos grandes centros do comércio, nas ilhas e cidades da costa. Naquelas escolas pré-hipocráticas, eram variadas as concepções acerca do funcionamento do corpo humano, seus distúrbios e doenças, concepções essas que, por muito tempo, marcaram a fase empírica da evolução dos conhecimentos em saúde.
O ensino
era vinculado à orientação da filosofia e das artes e os estudantes viviam em estreita
ligação com seus mestres, formando as famílias, as quais serviam de referência para
mais tarde se organizarem em castas. Quanto à Enfermagem, as únicas referências
concernentes à época em questão estão relacionadas com a prática domiciliar de
partos e a atuação pouco clara de mulheres de classe social elevada que
dividiam as atividades
dos templos com os sacerdotes.
dos templos com os sacerdotes.
• As
práticas de saúde no alvorecer da ciência - relaciona a evolução das práticas
de saúde ao surgimento da filosofia e ao progresso da ciência, quando estas
então se baseavam nas relações de causa e efeito. Inicia-se no século V a.C.,
estendendo-se até os primeiros séculos da Era Cristã.
A prática
de saúde, antes mística e sacerdotal, passa agora a ser um produto desta nova
fase, baseando-se essencialmente na experiência, no conhecimento da natureza, no
raciocínio lógico - que desencadeia uma relação de causa e efeito para as
doenças - e na especulação filosófica, baseada na investigação livre e na
observação dos fenômenos, limitada, entretanto, pela ausência quase total de
conhecimentos anatomofisiológicos. Essa prática individualista volta-se para o
homem e suas relações com a natureza e suas leis imutáveis. Este período é
considerado pela Medicina grega como período hipocrático, destacando a figura
de Hipócrates que como já foi demonstrado no relato histórico, propôs uma nova
concepção em saúde, dissociando a arte de curar dos preceitos místicos e
sacerdotais, através da utilização do método indutivo, da inspeção e da
observação. Não há caracterização nítida da prática de
Enfermagem nesta época.
Enfermagem nesta época.
• As
práticas de saúde monástico-medievais - Focaliza a influência dos fatores
sócioeconômicos e políticos do medievo e da sociedade feudal nas práticas de
saúde e as relações destas com o cristianismo. Esta época corresponde ao
aparecimento da Enfermagem como prática leiga, desenvolvida por religiosos e
abrange o período medieval compreendido entre os séculos V e XIII. Foi um
período que deixou como legado uma série de valores que, com o passar dos
tempos, foram aos poucos legitimados e aceitos pela sociedade como
características inerentes à Enfermagem.
A
abnegação, o espírito de serviço, a obediência e outros atributos que dão à
Enfermagem, não uma conotação de prática profissional, mas de sacerdócio.
Enfermagem, não uma conotação de prática profissional, mas de sacerdócio.
• As
práticas de saúde pós-monásticas - evidencia a evolução das práticas de saúde
e, em especial, da prática de Enfermagem no contexto dos movimentos Renascentistas
e da Reforma Protestante. Corresponde ao período que vai do final do século
XIII ao início do século XVI A retomada da ciência, o progresso social e
intelectual da
Renascença e a evolução das universidades não constituíram fator de crescimento para a Enfermagem.
Renascença e a evolução das universidades não constituíram fator de crescimento para a Enfermagem.
Enclausurada
nos hospitais religiosos, permaneceu empírica e desarticulada durante muito
tempo, vindo desagregar-se ainda mais a partir dos movimentos de Reforma Religiosa
e das conturbações da Santa Inquisição. O hospital, já negligenciado, passa a ser
um insalubre depósito de doentes, onde homens, mulheres e crianças coabitam as mesmas
dependências, amontoados em leitos coletivos. Sob exploração deliberada, o serviço
doméstico - pela queda dos padrões morais que o sustentava- tornou-se indigno e
sem atrativos para as mulheres de casta social elevada Esta fase tempestuosa,
que significou uma grave crise para a Enfermagem, permanece por muito tempo e
apenas no limiar da revolução capitalista é que alguns movimentos reformadores,
que partiram principalmente de iniciativas religiosas e sociais, tentam
melhorar as condições do pessoal a serviço dos hospitais.
• As
práticas de saúde no mundo moderno - analisa as práticas de saúde e, em
especial, a de Enfermagem, sob a ótica do sistema político-econômico da
sociedade capitalista. Ressalta o surgimento da Enfermagem como prática
profissional institucionalizada. Esta análise inicia-se com a Revolução
Industrial no século XVI e culmina com o surgimento da Enfermagem moderna na
Inglaterra, no século XIX.