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sexta-feira, 12 de agosto de 2011

TRIAGEM EM ACIDENTES COM MÚLTIPLAS VÍTIMAS


TRIAGEM EM ACIDENTES COM MÚLTIPLAS VÍTIMAS

   
1) Introdução:

Todo sistema organizado para atendimento às emergências deve ter um plano estabelecido para fazer frente a um acidente com múltiplas vítimas. O plano deve ser específico, estabelecido a partir de características locais e regionais.
Entre muitos pontos, deve o plano estabelecer a forma mais eficiente de oferecer, simultaneamente, socorro a todas as vítimas. Em outras palavras, várias equipes de emergência, equipadas e preparadas, devem ser accionadas e as vítimas atendidas ao mesmo tempo.
Muitas vezes, no entanto, por alguns minutos ou eventualmente horas, isto não é possível.
Na impossibilidade, a primeira equipe que chegar ao local deve iniciar um processo chamado
 “triagem das vítimas”.
2) Definição:
Triagem é a classificação das vítimas em categorias, não exclusivamente relativas a gravidade mas sim às situações em que mais beneficiarão do socorro prestado.
O objectivo é optimizar a acção de socorro, salvando o maior número possível de vítimas.
A partir da triagem, as vítimas recebem o socorro no local e são transportadas para um atendimento hospitalar.
Quando o número de vítimas ultrapassa a capacidade da equipe no local, é prioritário
também o estabelecimento de uma área de triagem e estabilização, assunto que abordaremos em
outro momento.
3) Não há triagem perfeita:
Devemos também considerar que não existe um critério perfeito de triagem, variando de um
sistema para outro e na dependência de diversos factores, como a magnitude e a área de
abrangência do desastre, tipo de desastre ( produtos perigosos, terramotos, etc.),
qualificação das equipes e equipamentos, dentre muitos outros pontos.
A triagem é também específica para uma finalidade como por exemplo:
· triagem para iniciar o socorro no local
· triagem para colocar as vítimas em áreas específicas na zona do desastre
· triagem para o transporte da zona de desastre para o atendimento hospitalar
· triagem no atendimento hospitalar
· triagem para o transporte inter hospitalar
4) Processo contínuo:
Na cena do desastre, a triagem deve ser considerada um processo contínuo, ou seja, constantemente deve ser repetida em cada vítima, mesmo para as que já receberam um socorro inicial, pois a situação pode alterar-se e uma vítima considerada de baixa prioridade pode, alguns minutos depois, necessitar cuidados imediatos para que se mantenha viva.
5) START e as cores de identificação:
No processo de triagem para iniciar o socorro no local do desastre, feito pela primeira equipe a chegar ou na ausência de número suficiente de socorristas, um dos métodos mais utilizados é o START-Simple Triage And Rapid Treatment que identifica as vítimas por fitas coloridas ou etiquetas (tarjetas) coloridas ou cartões de triagem.
Cor vermelha: socorro imediato, primeira prioridade ou prioridade
imediata – são vítimas que requerem atenção imediata no local ou têm prioridade no transporte. Incluem-se aqui as vítimas:
  A-Com hemorragia externa importante,
B-as que, encontradas em paragem respiratória, respiraram após uma manobra de abertura das vias aéreas,
C-as que respiram com FR maior que 30 mov / min,
D-as que respiram e apresentam reenchimento capilar levando mais que 2 segundos ou ausência de pulso radial, 
E-as que respiram abaixo de 30 mov / min, apresentam pulso radial e reenchimento capilar em até 2 segundos, mas não respondem ordens simples.
Estas situações geralmente correspondem a vítimas com trauma grave, dificuldade respiratória, trauma de crânio, hemorragia com choque, queimaduras severas, etc.
 Cor amarela: segunda prioridade ou prioridade secundária - socorro deve ser rápido, mas deve aguardar vítimas com maior prioridade. São vítimas sem indicativo de que virão a morrer nos próximos minutos, se não forem socorridas. Devem ser consideradas amarelas as vítimas que não se enquadram nos critérios anteriores e que não deambulam e estão orientadas, conseguindo cumprir ordens simples. Geralmente são vítimas com fracturas, lesões torácicas ou abdominais sem choque, lesão de coluna ou queimaduras menores.  
 
  Cor verde: terceira prioridade ou prioridade tardia – vítimas deambulando, com lesões menores e que não requerem atendimento imediato. Não devem ser consideradas isentas de lesão. Apenas não são prioritárias naquele momento.  
 
  Cor preta: prioridade zero ou última prioridade - vítimas consideradas em morte óbvia ou em situações de grande dificuldade para reanimação. Note que neste último caso, só pode ser considerada cor preta, se não houver socorristas suficientes. Se houver, todo esforço deve ser tentado para todas as vítimas, exceptuando-se apenas aquelas em morte óbvia.    
6) Mudança de prioridade:
Vítimas são todas as pessoas envolvidas no acidente e não apenas as que apresentam lesões
ou queixas. Nunca deixe de identificar uma vítima que deambula sem lesão aparente ou sem queixa.
No processo de avaliação contínua, ou melhor, de reavaliação, muitas vítimas podem mudar
de prioridade. Uma vítima rotulada de verde, pode apresentar lesão interna e evoluir para choque, ou lesão de crânio com piora do quadro de consciência, apenas para citar alguns exemplos.
Devem ser reclassificadas e as providências devem ser tomadas de acordo com a nova categoria.
7) Fluxograma Start-Simple Triage And Rapid Treatment
Para a fácil e rápida aplicação do método START, podemos seguir o fluxograma ou algoritmo abaixo. Lembramos sempre que um método de triagem perfeito não existe. Cada serviço
deve adoptar, para suas características operacionais, o método que melhor lhe convier.
Aplique para cada vítima encontrada a seguinte sequência, colocando a identificação colorida de forma bem visível, em todas as vítimas encontradas, mesmo as que aparentam não ter sofrido lesão alguma.  
   

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